Marcas transformam seus mascotes em tiktokers

Utilizar personalidades como embaixadores na comunicação é uma estratégia recorrente das marcas, aplicada há décadas no rádio, na TV e na mídia impressa. Com a digitalização, além das celebridades da música e das novelas, influenciadores e creators conquistaram espaço nas ações dos anunciantes. Agora, esses tradicionais garotos-propaganda enfrentam a concorrência de mascotes, assistentes virtuais e personagens criados pelas próprias marcas para reforçar vínculos com consumidores mais jovens, em especial no TikTok. A rede social de vídeos tinha 74,07 milhões de usuários com 18 anos ou mais no Brasil, no inicio do ano, segundo dados da ByteDance, startup chinesa controladora da rede. A Samsung, por exemplo, lançou na quinta-feira, 12, uma nova vertente de conteúdos informativos no TikTok com sua assistente virtual Sam. Lançada em 2020, a personagem ganhou remodelamento 3D, em 2021, e agora está sendo utilizada na rede social. Ela aparece como especialista Samsung para falar do universo de games, música e entretenimento. Um pouco antes, em abril, o e-commerce de tecnologia KaBuM! chegou à plataforma com o Ninja, personagem da marca, como creator. O personagem 3D da empresa de comércio eletrônico teve seus movimentos e expressões aprimorados, assim como a definição de sua voz. Ninja da KaBuM! compartilha informações sobre tecnologia, faz unboxing e reviews de produtos de fornecedores parceiros no TikTok (Crédito: divulgação) Segundo Ana Norato, diretora de marketing da KaBuM!, que coordena a estratégia na plataforma, o TikTok é interessante por ser também um canal de cocriação. “Podemos fazer coisas com outras marcas e outras pessoas. Dá para interagir com a Lu, da Magalu, e com outras marcas. Mesmo que o Ninja mantenha a mesma personalidade, ele pode ter esse trânsito”, explica. Ressignificação Os mascotes das marcas foram um boom no marketing entre os anos 1950 a 1980 e retornaram mais intensamente nos anos 2000, ressignificados pela cultura digital e pela influência dos algoritmos. Para Clotilde Perez, professora titular de semiótica e publicidade da USP, por serem elementos que representam um diálogo entre o mundo material e a fantasia, esses personagens “casam como uma luva” com a proposta do TikTok. “O TikTok é uma rede que trabalha de uma maneira especial as dimensões ligadas à diversão e afeto”, diz a professora, que tem um livro sobre mascotes de marcas. “Elas viram esse hiper signo, pela transversalidade, pela carga de afeto, pela onipresença e iconicidade, e ganham uma relevância enorme dentro da cultura jovem”, analisa. Lek Trek, da Sadia: criado em 1971, ganhou versão 3D, faz dancinhas e participa de desafios no TikTok (Crédito: divulgação) Conexão com a geração Z Com seus personagens em fantasias e fazendo desafios comuns na rede ou dando dicas de produtos e serviços, as marcas têm utilizado a rede social como ponte de conexão com a geração Z e o público mais jovem. Em outubro de 2021, por exemplo, a Sadia aproveitou o Lek Trek, seu mascote criado em 1971, reinventando-o como um tiktoker 3D em dancinhas típicas da rede, com a tag #passinhodolek. Mascotes como o adolescente CB, das Casas Bahia, e a Lu do Magalu, entraram na rede em 2020, seguidos pela Nat, da Natura, e Tortuguita, da Arcor, em 2021, e da Dentadura e Tubes, da Fini, em fevereiro deste ano. Com dicas de beleza e autocuidado com a utilização dos produtos da marca, por exemplo, 7 dos 10 vídeos da Natura com a Nat no TikTok registraram mais de um milhão de visualizações. Segundo a Arcor, a maior contribuição para o aumento do faturamento em 18% na Páscoa deste ano em relação à de 2021 veio da estratégia de comunicação no TikTok. Durante um ano, a estratégia operou 100% de forma orgânica e, em 2022, em uma segunda etapa, foi ampliada, com investimentos mais robustos. A empresa lançou o canal da Tortuguita no TikTok com um vídeo em março de 2021, próximo à Páscoa. O canal possui 205 mil seguidores e 1,1 milhão de curtidas. “Diria que a Tortuguita, dentro do TikTok, é um case de sucesso dentro da companhia”, diz Anderson Freire, diretor de marketing, pesquisa e desenvolvimento da Arcor do Brasil.  

Música, notícias e séries: o que as mulheres brasileiras consomem no digital

A pesquisa ‘Elas: comportamentos e barreiras’, realizada pela Nielsen no primeiro trimestre deste ano, com apoio da Opinion Box, traz à tona um olhar sobre como o sexo feminino se relaciona com a mídia digital. 90% das mil pessoas que responderam ao questionário online afirmaram que se conectam diariamente na internet e também 90% responderam que utilizam o telefone celular, seguido de 4% de notebook, 3% de desktop e 2% de tablet. “Fenômeno nas redes sociais, os influenciadores/famosos e vlogs conquistam maior parte da atenção das consumidoras com idade entre 24 e 45 anos. Em amplo crescimento, os serviços de streaming têm conquistado o público brasileiro. A pesquisa também revela que conteúdos on demand são os preferidos por 70% do público entre 24 e 35 anos”, detalha a Nielsen/Opinion Box. “Muito além de entender os comportamentos de consumo para o setor de mídia e marketing, nosso principal mercado, a Nielsen tem a inclusão como um de seus principais valores. Nos posicionamos usando a nossa técnica de pesquisa para que possamos ter ambientes e mercados mais eficientes, mas que também inclua todas as pessoas. Nos mais de 50 países que a Nielsen está presente, esta é uma questão muito relevante”, explica Sabrina Balhes, líder de measurement da Nielsen Brasil. Em relação ao consumo de mídia, as mulheres utilizam internet de forma mais assídua; são as que mais acompanham influenciadores e pessoas famosas nas redes sociais, principalmente as que têm entre 24 e 45 anos. Costumam consumir principalmente música, notícias, séries e conteúdo relacionado a saúde e beleza. “Já na parte da carreira, encontramos os principais pontos de atenção. Em entrevistas de emprego, as mulheres são mais perguntadas sobre terem filhos do que os homens. Adicionalmente, mais da metade delas relatou que foi perguntado com quem elas deixariam os seus filhos e 23% acreditam que isso atrapalhou a entrevista. Em relação a uma gravidez, 88% delas acreditam que a possibilidade de engravidar é considerada um motivo para não contratá-las. O objetivo é apontar tanto os comportamentos deste público em relação ao consumo de mídia digital quanto às barreiras que enfrentam no mercado de trabalho”, acrescenta Sabrina. Essas barreiras são muitas, como explica Sabrina. “Nossa pesquisa se aprofundou em entender a ocorrência de dois fenômenos: mansplaining e manterrupting. Quando perguntamos sobre a tentativa de um homem elucidar algo a uma mulher, sem considerar que já o saiba, 48% das mulheres afirmam já ter presenciado mansplaining no trabalho (versus 26% dos homens). Quando o assunto é interrupção (tanto sobre ser interrompida quanto presenciar outras colegas de trabalho sendo interrompidas), 54% das mulheres reconhecem já terem presenciado manterrupting no ambiente de trabalho”, contextualiza a executiva da Nielsen. Como isso afeta a publicidade e decisões estratégicas? Sabrina responde: “Dada à crescente atenção que o tema diversidade vem ganhando nos últimos tempos, tornou-se comum ver mais conversas, iniciativas e até campanhas sobre o tema da inclusão. Tudo isso é muito relevante e necessário, porém não se pode restringir a diversidade a mostrar todos os tipos de corpos nos criativos, pois a questão é muito mais profunda do que isso. Quando perguntadas sobre a opinião a respeito de marcas que fazem publicidade apoiando causas sociais, 51% avaliam que tal ação é motivada por interesse próprio e não pela causa em si. Por fim, cabe lembrar que a equidade de gênero é uma questão que só se resolve quando todos tomam parte, não é uma luta apenas das mulheres, mas também das muitas das interseccionalidades envolvidas”.

22 causas socioambientais para observar em 2022

Nesta quarta-feira, 18, às 19h00, a Cause, vai promover a live Café com Causas, no Youtube. O evento irá detalhar e comentar a nova edição do documento “Causas para Observar”, que guia as organizações para se conectar com propósitos.   Francine Lemos, diretora executiva do sistema B Brasil; Allyne Andrade, superintendente adjunta do Fundo Brasil de direitos humanos, Daniela Schmitz, head de marketing do YouTube e Monica Gregori, diretora executiva da Cause, vão explorar as demandas sociais mais relevantes e urgentes no momento, segundo estudo o documento “Causas para Observar”.    O relatório tem o objetivo de chamar a atenção à necessidade de organizações e empresas agirem parar gerar impacto social positivo no planeta e trazer reflexões sobre as mudanças no universo corporativo.  A 4ª edição do documento traz 22 causas divididas em:   Expectativa de vida:   1 – Envelhecimento da população/ diversidade etária 2 – Juventudes: jovens “sem-sem” (perspectivas, educação, emprego)    Educação e cultura  3 – Gap (brecha) educacional pós pandemia 4 – Desinvestimento em pesquisas 5 – O desmonte na Cultura brasileira    Saúde  6 – Covid longa: sequelas a longo prazo 7 – Saúde mental: novas síndromes 8 – Uso terapêutico de Cannabis    Crise climática  9 – Justiça climática 10 – Amazônia em pé e metas globais (Cop26) 11 – Desmonte dos órgãos de fiscalização ambiental Redução das desigualdades  12 – Combate à pobreza e à fome  13 – Defesa dos povos indígenas 14 – Proteção à população LGBTQIAP+ 15 – Práticas antirracistas na comunicação (construção de imaginários) 16 – Combate ao racismo nas instituições   ESG  17 – ESG e os impactos da guerra   Futuro do trabalho  18 – Futuro das relações de trabalho 19 – Trabalho e maternidade 20 – Inclusão de PcD   Defesa da Democracia  21 –   Transparência (dados públicos cada vez mais sigilosos) 22 – Educação cidadã e combate à desinformação (fake news)